Uma vez devidamente registradas no hotel, nosso próximo passo, antes de estarmos liberadas para o reconhecimento da cidade, foi seguir direto para o escritório da Peru Rail para buscar as nossas passagens de trem para Machu Picchu. A pressa tinha um motivo: era domingo, e aos domingos o escritório fecha ao meio-dia. Como não tínhamos a menor intenção de deixar para o dia seguinte o que poderíamos fazer naquele dia mesmo, fomos pra rua.
Um detalhe importante é que os bilhetes da Peru Rail são comprados no escritório da companhia, e não na bilheteria da estação de trem San Pedro, de onde partem os trens para Machu Picchu. O Hotel Terra Andina fica situado a 5 minutos da estação, mas para ir ao escritório tivemos que tomar um táxi.
Seguimos então a rotina diária de tomar táxis no Peru. O primeiro passo manda perguntar no hotel quanto se deve pagar para ir até um determinado destino. Muitas vezes um funcionário mesmo do hotel trata um táxi na rua – e eles sempre conseguem bons preços! Caso isso não aconteça, e seja necessário pegar um táxi por conta própria, vem o segundo passo. A ordem então é barganhar. O taxista faz o preço, normalmente muito acima do que seria o preço correto. Por exemplo, em uma corrida de 6 soles, ele diria 10 soles ou mais. Nesse momento, se eu disser que pago 6, que seria o preço justo, ele fará a contra-proposta de 8 soles. A técnica então, é jogar a primeira contra-proposta lááááá embaixo. Assim, quando ele diz 10 soles, eu devo responder algo como “Le pago 3 soles”. Claro que ele nunca vai aceitar esse valor, e vai propor os 6 soles que eu já sabia que deveria pagar desde o princípio… 😉
A pechincha é um fato cultural. Cansei de ler artigos de viagem, em sites, blogs e afins, principalmente os escritos por americanos, em que só faltavam dizer que seria a coisa mais politicamente incorreta do mundo pechinchar com “esses pobres coitados sul-americanos que mal têm o que comer”… 😛 Quem diz isso não entendeu o espírito da coisa – o vendedor jamais vai cobrar por um artigo menos do que seria necessário para que ele ganhe o seu sustento. Assim, o primeiro preço que ele cobra é sempre exorbitante para os padrões dele, mesmo que para nós seja muito barato – não entrar no jogo equivale a ignorar uma regra social pré-estabelecida. No início, eu achava que poderia ser constrangedor; depois, relaxei e no fim das contas estava me divertindo horrores!!! 😀
Chegamos então ao escritório da Peru Rail. Já na entrada eu estava achando tudo lindo, com esse trenzinho irresistível para uma foto… (Fiz a foto, mas só depois de buscar os bilhetes – mesmo em viagem, primeiro a obrigação!)
Uma vez dentro do escritório, o cenário era desolador: uma enorme quantidade de pessoas aguardava atendimento para comprar os bilhetes. Nós tínhamos reservado as nossas passagens para a 3a.f. seguinte, mas estávamos considerando a possibilidade de trocar a viagem para a 2a. ou para a 4a.f., já que apenas na 3a. haveria o Mercado Indígena em Pisac. Fomos então buscar informações a respeito, e foi aí que eu vi o quanto tinha sido sensato reservar os bilhetes com antecedência – era simplesmente impossível conseguir lugar nos trens pelos próximos 10 dias! E nós estávamos viajando no Vistadome, o trem panorâmico, mais caro do que o Backpacker, o trem convencional. Não sei o que fazem as pessoas que chegam a Cuzco sem reservas…
Principalmente para quem viaja na alta temporada, fazer as reservas é indispensável. O processo é simples: basta preencher um formulário no site e aguardar a confirmação da reserva por email. Na chegada a Cuzco, basta ir ao escritório com o passaporte e o dinheiro (dólares cash, porque a companhia não aceita cartões…) para retirar os bilhetes.
No meio de toda essa gente, nós não tivemos que esperar nem 20 minutos para pegar os nossos. Eles distribuem senhas diferenciadas – para quem tem reservas, para o tipo de trem, etc. É um pouco confuso acompanhar nos monitores, a princípio, porque ora aparece a letra E, ora a letra B, ora uma outra letra qualquer, os números vêm fora de seqüência, é uma confusão…
Mas logo chamaram a nossa senha, compramos os nossos bilhetes (em dólares cash, não esqueçam…) e, livres de obrigações, começamos a desbravar Cuzco… 😉
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