Volta ao mundo – cuidados com a saúde

Quando começamos a planejar a VAM, uma das nossas primeiras preocupações foi pesquisar que tipo de cuidados com a saúde deveríamos tomar em uma viagem tão longa e para locais tão diferentes daqueles onde estávamos acostumados a ir.

A pesquisa, como sempre, começou pelo Viaje na Viagem. O próprio VnV nos levou ao Mikix no Mundo – mais especificamente ao post onde a Mirella fala sobre os cuidados e vacinas que eles tomaram antes da viagem ao Sudeste Asiático.

Com base nesse post começou a nossa preparação. Nossa  primeira providência foi uma visita ao Centro de Vacinação de Adultos da UFRJ, onde ganhamos uma carteirinha de vacinação que hoje em dia faz inveja a muita criança por aí, de tão completinha… 😉

Carteira de vacinação bem preenchida…

O viajante brasileiro está relativamente acostumado à cobrança da vacina contra a febre amarela em viagens a certas regiões do Brasil e outros países da América do Sul. Quando se vai à Ásia, determinados países, como a Tailândia, também fazem essa exigência. É importante notar, entretanto, que não há febre amarela na Ásia! Os países asiáticos que nos cobram a vacina têm a intenção de proteger os seus próprios habitantes contra uma possível contaminação, e não proteger a saúde do turista ocidental contra o que ele possa encontrar por lá… 😯

Nós começamos a buscar informações cerca de 6 meses antes de embarcar. Foi um bom prazo, mas poderíamos ter começado ainda antes, para ter tempo de fazer toda a imunização antes de ir, já que algumas vacinas, como a contra hepatite B, têm intervalos grandes entre uma dose e outra. Resultado: viajamos devendo vacinas e, na volta, ainda tivemos que completar a carteirinha…

Em um primeiro momento, fizemos uma imunização básica. Como já tínhamos a vacina contra febre amarela válida, tomamos as seguintes vacinas:

Gripe H1N1;

Influenza;

Tríplice viral (caxumba, rubéola e sarampo) – é importante se você não tiver tido essas doenças ainda; caso contrário, estará automaticmente imunizado. O sarampo, embora esteja praticamente erradicado no Brasil, ainda é relativamente comum na Europa, por exemplo – melhor não correr  o risco…

Dupla (tétano e difteria – 1a. dose de 3) – na verdade, todos deveriam manter a vacina contra tétano válida, já que estamos sempre sujeitos a acidentes…

– Hepatite B (1a. dose de 3).

Nesse meio tempo, começamos a ler bastante sobre uma especialidade médica ainda pouco conhecida, mas que parecia ser indicada exatamente para o nosso caso: a Medicina do Viajante. Em primeiro lugar, comprei o livrinho do Dr. Fernando Lucchese, intitulado Boa Viagem!, em que ele explica o que vem a ser a Medicina do Viajante e descreve alguns cuidados básicos que todo viajante deve tomar para se aventurar pelo mundo com segurança. Descobrimos também alguns sites com informações relevantes, como o site Viaje com Saúde.

Ao longo das pesquisas, descobrimos que a UFRJ tem um serviço especializado em Medicina do Viajante: o Centro de Informação em Saúde para Viajantes (CIVES), vinculado ao Departamento de Medicina Preventiva. No site, além de encontrar informações valiosíssimas sobre vacinas e afins, o turista pode também agendar sua consulta individual gratuita com um médico especialista em Medicina do Viajante, que vai analisar minuciosamente o seu roteiro de viagem e recomendar os cuidados necessários.

No nosso caso, a médica que nos atendeu recomendou ainda umas tantas outras vacinas, de acordo com os locais que iríamos visitar:

Hepatite A (não disponível na rede pública; 2 doses) – outra vacina importante mesmo para quem não vai viajar, já que sempre estamos sujeitos a consumir água e/ou alimentos contaminados;

Febre tifóide (não disponível na rede pública; dose única) – recomendada pela médica porque visitaríamos áreas onde há incidência da doença;

Poliomielite (reforço) – assim como o sarampo, a poliomielite está erradicada no Brasil. No entanto, foi recomendada pela médica pela mesma razão acima – ou seja, tivemos que tomar gotinhas como as crianças… 😆

Raiva (pré-exposição; 3 doses) – a pré-exposição à raiva é recomendada quando há a possibilidade de ter contato com animais desconhecidos, que podem estar infectados; no nosso caso, a médica fez a recomendação principalmente por causa dos macacos de Bali.

Ao longo da consulta ela nos explicou que os cuidados variam muito de acordo com o perfil do viajante (como a idade, por exemplo) e o tipo de transporte e hospedagem escolhidos. As viagens aéreas oferecem menor risco de exposição a doenças do que as viagens terrestres, assim como um hotel que tenha ar condicionado oferece mais proteção contra os mosquitos (agentes transmissores de várias doenças, inclusive a malária) do que um hotel mais simples, apenas com ventilador. Também recebemos instruções no sentido de beber apenas água mineral e evitar comer na rua, mesmo em lugares onde houvesse locais comendo. A lógica que nos explicou a médica é que nós temos as nossas próprias bactérias, a que já estamos acostumados e somos imunes; isso não significa, porém, que seríamos imunes às bactérias encontradas do outro lado do mundo. Na dúvida, dada a longa duração da viagem, melhor evitar correr riscos… 😉

Um ponto que nos preocupava bastante era a prevenção da malária, já que não existe uma vacina e a quimioprofilaxia é uma questão controversa, como se pode ver neste post do Travelfish. Aprendemos muito não apenas na consulta, mas também nessa discussão no VnV, que começa neste comentário aqui.

No caso específico da malária, o que aprendemos foi o seguinte:

– as vitaminas do complexo B só seriam eficazes para repelir os mosquitos no caso da ingestão em altíssimas quantidades, ou seja, na prática, não funciona;

– os repelentes comuns têm pouca duração, e precisam ser reaplicados a cada 40 minutos, ou seja, o processo torna-se um tanto quanto inviável; há repelentes de alta eficácia, como o Exposis, que dura até 10 horas por aplicação. (É difícil de encontrar – eu comprei pela Internet, no site da Rozenlândia BabyAtualização: pode-se encontrar uma relação de locais onde comprar o Exposis nesse link aqui.)

– existe um mapeamento das áreas de incidência de malária – o ideal é consultar um especialista, levando o seu roteiro detalhado, inclusive com os meios de transporte utilizados, para saber se as áreas que você vai visitar são de alta, média ou baixa incidência. A medicação escolhida para a profilaxia varia de acordo com isso, porque já existe resistência a alguns medicamentos. No nosso caso, visitamos apenas áreas de baixo e médio risco, sempre viajando de avião, o que diminui a exposição à doença. A médica que nos atendeu indicou a quimioprofilaxia com mefloquina, que é fácil de seguir (1 pílula por semana) e apresenta poucos efeitos colaterais. (Outras substâncias têm mais efeitos colaterais, como irritações estomacais e intolerância ao sol, por exemplo.)  Mas acabamos decidindo fazer uma prevenção apenas com repelente e roupas compridas.

Esses foram os nossos passos para estarmos protegidos ao longo da viagem. Isso não significa que todo mundo que vai à Ásia tenha que fazer o mesmo – no nosso caso, o tempo de viagem foi longo, quase 3 meses, o que aumenta o risco de qualquer contaminação, e preferimos nos cercar de toda a cautela possível. 😉

Por fim, resta lembrar que prevenção nunca é demais e fazer um bom plano de saúde. Nós escolhemos o seguro-saúde da World Nomads, que nos custou cerca de US$ 300 para os 77 dias de viagem.

20 thoughts on “Volta ao mundo – cuidados com a saúde

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